Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

O mensageiro achou que um podia ser primo do somali. Os outros dois
também constituíam um par. Sem dúvida, do Turquemenistão. Os homens da
casa segura. Por um segundo feliz, o mensageiro julgou que se tinham ido
encontrar todos ali para depois seguirem juntos para o bar. E foi então que
reparou que o pátio não tinha outra saída.
Não era um atalho.
Era uma armadilha.
E, nesse momento, compreendeu. Era claro como a água. E perfeitamente
lógico. Ele era um risco em matéria de segurança. Por saber o preço. Cem
milhões de dólares. O que, por si só, constituía a componente mais perigosa de
todo aquele empreendimento. Uma quantia tão avultada faria soar alarmes por
todo o lado. Quem quer que a conhecesse correspondia automaticamente a uma
potencial fuga de informação. Uma teoria clássica. Tinham-na estudado nos
campos, com exemplos hipotéticos. Tinham ensaiado as várias possibilidades.
Uma pena, tinham dito. Mas necessário. Uma luta grandiosa exigia sacrifícios
grandiosos. Uma luta grandiosa exigia mentes limpas e corações frios. O tipo
que enviaram à frente dele não tinha pedido para arejarem e prepararem os
aposentos das visitas. A ordem que trouxera era outra.
O mensageiro não se mexeu. Nunca falaria. Ele, não. Com certeza que
saberiam isso. Depois de tudo o que tinha feito. Era diferente. Estava a salvo.
Não estava?
Não, aqueles homens jogavam futebol com cabeças humanas. Não tinham
espaço para sentimentos.
O somali disse:
— Lamento, irmão.
O mensageiro fechou os olhos. Não usariam pistolas, pensou. No centro de
Kiev, não. Usariam facas.
Enganou-se. Usaram um martelo.


Em   Jalalabad,  eram    quatro  e   meia    da  manhã.  Na  casa    branca  de  adobe,
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