Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

Nesse momento, o americano estava à espera para apanhar um autocarro
municipal e dirigir-se para a cidade. Tinha coisas para fazer. Tratar de tarefas de
última hora e uma lista de compras. Hamburgo era um porto que recebia muitos
passageiros, com ferries e cruzeiros a entrar e a sair, portanto, não era difícil
arranjar mantimentos. E roupa adequada, para uma longa viagem. Tudo compras
com dinheiro vivo e tudo de sítios diferentes. Um horário rigoroso, mas
necessário. Cada segundo era precioso.
O autocarro chegou e o americano apanhou-o.


Reacher levantou o tipo do chão do café e empurrou-o para o passeio.
Neagley ficou com o parceiro. Olharam para a planta de Neagley e seguiram
para um miniparque. O homem em que Neagley tinha batido coxeava e arrastava
os pés. Tinha o nariz partido, da segunda joelhada dela. Não o favorecia em
nada. Nem deixava de favorecer.
Chegaram ao parque e ocuparam dois bancos. Neagley e o lerdo sentaram-se
num e Reacher e a vítima, no outro. Esperaram. O lerdo deixou-se ficar muito
quietinho. Parecia com medo de Neagley. Talvez não fosse tão lerdo. O
estropiado foi melhorando lentamente. Reacher sentiu-o a ficar agitado. Sentiu-o
a olhar em redor, calculando os ângulos e medindo as possibilidades. A certa
altura, um autocarro municipal passou estrepitosamente por eles, devagar e
perto, enorme e barulhento, cheio de passageiros a caminho da cidade, e Reacher
sentiu o homem a ganhar vida, como se o ruído e a confusão constituíssem uma
oportunidade, por isso, pousou-lhe a mão na nuca, como num gesto amigável, e
apertou. O homem ganiu em silêncio e o autocarro desapareceu em seguida.
Esperaram. Foi entardecendo. Até que um carro azul encostou junto ao
passeio. Um grande sedan da Opel. Um produto da General Motors. Ao volante,
estava um tipo com um uniforme militar. E, ao lado, vinha outro. Atrás deles,
uma divisória de plástico ia do chão ao tejadilho. Um carro da polícia.
O passageiro saiu. Pequeno, largo e moreno. Manuel Orozco. Nos últimos
tempos, da 110. Ninguém se mete com os investigadores especiais. A frase era

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