Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

acordado. Tinha tomado duche e já se vestira. Estava pronto para o café. O
elevador parecia uma gaiola dourada presa por uma corrente, dentro de um poço
em ferro forjado trabalhado em filigrana. Ouviram-no a subir até ao andar deles.
Entraram. Estava um cartão de crédito no chão. Ou uma carta de condução. Ou
qualquer coisa. Virada para baixo. Provavelmente, deixada cair sem querer. Mas
não era um bilhete de identidade da Bundesrepublik Deutschland. Tinha a cor
errada.
Neagley baixou-se e apanhou-o.
Olhou para ele.
E disse:
— Deves-me dez dólares.
Era um documento de identificação americano. Uma carta de condução da
Virgínia. A foto era nítida. De uma mulher. Uma expressão aberta e sincera.
Loira, cabelo nem muito curto nem muito comprido, num estilo natural e sem
dúvida penteado com os dedos. Marian Sinclair. Tinha quarenta e quatro anos e
morava em Alexandria. Uma casa suburbana, a julgar pelo número da rua.
Reacher sacou dinheiro do bolso. Tirou duas notas de cinco dólares do maço
e entregou-as. Disse:
— Ela deve ter acabado de fazer o check-in. Depois do voo da noite. Estou a
perder o jeito. Não achei que ela viesse. E, sobretudo, não achei que fosse pessoa
para perder a carta de condução num elevador. É a número dois do NSC, por
amor de Deus! O futuro do mundo depende dela.
O elevador chegou ao rés do chão. Saíram. O pequeno-almoço era na cave.
Desceram por uma escada de caracol e entraram numa sala bonita, com portas
duplas de vidro abertas, que davam para um pátio, num nível mais baixo.
Sinclair estava mesmo ali em frente, sentada a uma mesa lá fora, sob o sol
matinal. A beber café. E a comer um bolo. Com um vestido preto. Foram ter com
ela e disseram:
— Bom dia.
Sinclair levantou a cabeça.
E respondeu:

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