Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

quarto. Puseram o batalhão inteiro a fazer fila à porta. Violaram-nas até à morte,
com o tipo a assistir a tudo. Não parou de bater com a cabeça no radiador. Estava
a tentar matar-se. Não conseguiu. A mulher durou praticamente vinte e quatro
horas. A filha morreu em seis. Esvaiu-se em sangue. Tinha oito anos. Passei duas
semanas a confirmar os factos. Vi os colchões. Por isso, tudo somado, sinto-me
bastante bem por ter carregado no gatilho. Como se tivesse ido à rua despejar o
lixo. Talvez a coisa em si não seja propriamente divertida, mas, a seguir, ficamos
com uma garagem limpa e arrumada. E isso sabe bem. Pode ter a certeza.
— Tenho pena.
— De quê?
— De que aconteçam coisas dessas no mundo.
— Habitue-se — disparou Reacher. — As coisas só podem piorar.
— Recebi uma mensagem do Waterman. O Wiley já foi preso quatro vezes
por vender bens alheios. Não conseguiram provar nada. Mas já se sabe o que a
casa gasta.
— Espantoso — soltou Reacher. — E agora faz parte do exército.
— Onde há coisas de toda a espécie a voltar em catadupa para armazéns, já
que a linha da frente desapareceu de repente. O que implica que a segurança já
não seja o que era. E, se calhar, os maus hábitos dificilmente se perdem.
— Mas o quê? O que anda ele a roubar e o que anda a vender?
Sinclair ficou calada.
E o telefone ainda sem tocar.
Alguém bateu à porta.
Um paquete.
Ou melhor, uma paquete. Com um uniforme elegante e um chapeuzinho.
Vinda do átrio, trazendo algo. Um simples envelope branco. Grande. Sem nada
escrito. Parecia ter lá dentro quase um centímetro e meio de papel. Uma coisa
desse tamanho. E dessa grossura.
— Para o senhor — disse a rapariga.
— De quem? — retorquiu Reacher.
— O cavalheiro não quis dizer o nome.

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