Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

— E como é que ele era?
— Não vi bem. Um americano normal, acho eu. De aspeto bastante comum.
Um dos tipos do Orozco, pensou Reacher. E não o próprio Orozco. Saltaria
demasiado à vista. O sargento dele, talvez. O que ia ao volante do carro, da
primeira vez.
Poder negar uma coisa.
Pegou no envelope e disse:
— Obrigado.
A rapariga desceu as escadas. Reacher abriu o envelope e espreitou lá para
dentro. Tinha Sinclair encostada a ele. Sentia-lhe o cheiro do perfume. Folheou a
parte de cima dos papéis que tinha nas mãos. Viu todas as primeiras linhas.
Eram-lhe igualmente familiares. Tratava-se de uma cópia da ficha de Wiley.
Exatamente igual, só que, naquele caso, a impressora já não tinha muita tinta. E
saiu uma coisa mais esbatida.
Horace-sem-segundo-nome-Wiley, a desvanecer-se.
— Quem enviou isso? — perguntou Sinclair.
— O Orozco — respondeu Reacher. — Mais ninguém sabe que eu cá estou.
— E porque lhe havia ele de enviar uma segunda cópia?
— Pediu a sua pelo estado-maior general?
— Sim.
— Então, se calhar, de uma forma ou outra, o Orozco soube disso. E, se
calhar, achou que era uma coisa importante. Uma situação de pânico ao nível das
altas esferas a propósito de um soldado de primeira classe talvez lhe chamasse a
atenção. Você pediu para que enviassem a coisa para Hamburgo. Se calhar, ele
está a avisar-me com antecedência. Ou a dar-me um avanço. Por saber que eu
também estou em Hamburgo. Mas sem saber que já vi a ficha.
— Não haveria fugas de informação no estado-maior general.
— Então, se calhar, houve em Estugarda. Ou no Comando do Pessoal. O
Orozco tem amigos em todo o lado. É um tipo muito popular. Está sempre bem-
disposto.
Deixou cair o envelope em cima da cama. Sinclair continuava encostada a

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