Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

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A mulher baixou-se com decoro, fletindo os joelhos, e pousou a pasta e a
pilha de papéis no chão. Ratcliffe deu um passo em frente e disse:
— Como é evidente, vocês os três foram trazidos para cá sob falsos
pretextos. Mas não queríamos grande alarido. Foi melhor usar um
subterfugiozinho. Queremos evitar atenções, se possível. Pelo menos, no início.
E, a seguir, fez uma pausa, para criar efeito dramático, como se estivesse a
solicitar perguntas, mas ninguém fez nenhuma. Nem sequer: o início de quê?
Mais valia ouvir a conversa toda até ao fim. Era sempre mais seguro, quando as
ordens vinham lá de cima.
Ratcliffe perguntou:
— Há aqui alguém que seja capaz de descrever a política desta administração
em matéria de segurança nacional numa linguagem simples e clara?
Ninguém disse nada.
E Ratcliffe perguntou:
— Porque não estão a responder?
Waterman refugiou-se atrás de um olhar longínquo, ao passo que White
encolheu os ombros, como que a querer dizer que as imensas complexidades
impossibilitavam obviamente qualquer linguagem normal, e, em todo o caso,
não eram as noções de simplicidade e clareza inteiramente subjetivas e, por
conseguinte, manifestamente dependentes de uma discussão preliminar para
conciliar definições?
— É uma pergunta com rasteira — soltou Reacher.

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