Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Achas que o Wiley lhe anda a enviar postais?
— É capaz de lhe ter dito alguma coisa. Pelos vistos, descose-se e deita
coisas cá para fora e depois arrepende-se. Se calhar, foi por isso que matou a
prostituta. Já ouvi histórias dessas. Tipos a vangloriarem-se do que andam a
fazer por se sentirem bem naquele preciso momento.
— Okay — respondeu Reacher. — Vai à procura do tio. E fala com os
superiores dele, de há três anos. Primeiro, no treino operacional, e depois, em
Fort Sill. Ele apontou mesmo para a Alemanha? No sentido em que fez
verdadeira pontaria, como se fosse um alvo? Isso mudaria a minha opinião. Isso
faria com que isto tudo parecesse planeado e não puramente oportunista.
— Três anos é muito tempo.
— Por cem milhões de dólares, vale a pena.
— Não temos nada que valha cem milhões de dólares.
— Faz os telefonemas — insistiu Reacher. — Eu volto daqui a bocado.
— Onde vais?
— Dar uma volta.
— Reparei que a doutora Sinclair parecia mais descontraída hoje à noite.
— Ai sim?
— Até resplandecia.
— Se calhar, faz ioga.
— Ou respira fundo.
Reacher não respondeu.


O homem chamado Muller entrou na esquadra central. Que era onde
trabalhava. Era o número dois da divisão de trânsito. Não era o ideal para aceder
ao gabinete de Griezman, mas o sítio era bastante tranquilo à noite. No piso de
Griezman, havia gabinetes espaçosos, com postos de secretaria à entrada. Tudo
deserto. No fundo, os chefes não passavam de mangas de alpaca. Escreviam
coisas e as secretárias arquivavam-nas, primeiro, à hora de almoço, e depois logo
de manhãzinha, ao início do dia seguinte.

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