Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1
—   Sem tirar   nem pôr.

Em Jalalabad, já era muito mais tarde nessa manhã. O pequeno-almoço já
tinha sido há muito e o almoço estava a caminho. Tinham voltado a chamar a
mensageira à sala pequena e quente. A segunda visita do dia. Já entregara a
resposta de Wiley, ao chegar de madrugada. O homem gordo tinha sorrido e
balançado e o homem alto fechara os punhos e uivara como um lobo. Naquele
momento, só lá estava o gordo. A almofada do alto encontrava-se ligeiramente
afundada, mas vazia. O homem estava noutro sítio. Muito ocupado. Muito
entusiasmado. Mais ocupado e mais entusiasmado do que devia, pensou ela, com
um assunto que afirmara não ser especialmente importante.
Moscas silenciosas aproximaram-se, puseram-se a pairar e precipitaram-se
para longe.
— Senta-te — disse o gordo.
A mensageira olhou para a almofada do alto.
— Posso ficar de pé? — perguntou.
— Como queiras. Estou bastante orgulhoso do teu desempenho. Foi
imaculado. Como já seria de esperar, claro, tendo em conta a excelência do teu
treino.
— Obrigado — retorquiu ela. — Senti-me bem preparada.
— O teu alemão foi satisfatório?
— Falei muito pouco. Só com um taxista.
— E teria sido satisfatório se tivesses tido de falar mais?
— Creio que sim. Devido à excelência do meu treino.
— E gostarias de regressar a Hamburgo?
Ela pensou em fotografias, impressões digitais e registos informáticos.
— Irei para onde, na vossa sabedoria, me quiserem enviar — respondeu.
— A entrega já está prevista, conforme sabes, mas necessitamos de uma
presença para autorizar a recolha.
— Seria uma honra.

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