Escola da Noite

Foi então que um homem saiu da casa.
Deixou a porta da frente aberta, deu dois passos e ficou parado no carreiro, a
observar. Devia ter a idade de Reacher. Talvez uns trinta e cinco anos. Era alto e
estava muito direito. Tinha cabelo loiro e usava uma camisola cinzenta e
largueirona e umas calças igualmente cinzentas e largueironas.
Mas não tinha nada nos pés.
— Eu vou primeiro — anunciou Reacher.
Saiu do carro lentamente e avançou um passo. O tipo parado no carreiro
limitou-se a continuar a observar. Outro passo. Sem problemas. Por isso,
Reacher continuou a aproximar-se, um passo de cada vez, até ficar cara a cara
com o tipo. Como um vendedor a fazer uma visita. Ou um vizinho a precisar de
conselhos.
— Preciso de falar com Arnold Peter Mason — disse Reacher.
O outro não respondeu. Não reagiu minimamente. Como se não tivesse
ouvido. Estava a olhar por cima do ombro de Reacher, para algo em segundo
plano. Onde só havia couves.
— Senhor Mason? — perguntou Reacher.
O homem olhou para ele. Olhos azuis. Vazios. Não se passava ali nada. As
luzes estavam acesas, mas não havia ninguém em casa. O filho deficiente. Da
mesma idade de Wiley. Da mesma geração do suposto sobrinho. Trinta e cinco
anos, mas ainda dependente.
Reacher apontou para a casa com uma mão, fazendo um gesto a imitar um
braço por cima do ombro com a outra, e disse:
— E que tal se entrássemos os dois?
O outro não fez nada durante um momento e, a seguir, deu meia-volta e
começou a retroceder rapidamente para a casa, com os pés descalços a fazerem
muito barulho, inclinando-se depois para dentro, junto à porta aberta, batendo
com força na parede e gritando:
— Mutti!
A seguir, recuou e esperou.
Uma mulher saiu da casa. Era pequena e elegante. Tinha cabelo curto e loiro,