conseguia enfrentar uma situação que não conhecia um minuto de interrupção.
Por achar que a culpa era dele.
— Porquê?
— É genético. Ou é ele ou sou eu. E ele diz que é ele. A verdade é que tanto
pode ser um como o outro. Só que ele insiste. Mas lá acabou por voltar. E
acalmou tudo. Portou-se muito bem. Mas continua a sentir-se culpado. E agora
preocupa-o o que nos possa acontecer.
Voltaram para o carro, fizeram inversão de marcha e foram-se embora.
— Acreditou nele? — perguntou Reacher.
— Acreditar em quê? — retorquiu Sinclair. — Ele não se conseguia lembrar
de nada.
— E acreditou que ele não se conseguia lembrar de nada?
— Você não?
— Não fiquei com a certeza. Por um lado, okay, o tipo está a morrer com um
tumor cerebral. Mas, por outro, não gostei daquela treta do «trate-me por
Arnold». Estava a ganhar tempo. O tipo passou vinte anos na infantaria, portanto
consegue cheirar PM a um quilómetro de distância. Quis pensar nas respostas.
— Que, ao fim e ao cabo, foram quais?
— Não, o Wiley não o tinha contactado e, não, não se lembrava de lhe ter
contado histórias do Davy Crockett.
— Acha que ele estava a mentir?
— É difícil conseguir interpretar uma pessoa naquele estado. Acho que,
provavelmente, a primeira parte é verdade. O tipo estava triste e não na
defensiva. Mas fez uma pausa muitíssimo grande a seguir à pergunta do Davy
Crockett. Se calhar, foi do tumor. Ou, se calhar, estava a somar tudo. A passagem
do tempo, mais a natureza instintiva do Horace Wiley, que ele testemunhou bem
de perto, mais seja lá o que for que estava nas histórias do Davy Crockett, mais,
passados imensos anos, o súbito aparecimento de um investigador O-4 é igual a
um eventual desfecho qualquer mau. E daí a necessidade de negar a coisa. Que a