Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

ausente sem autorização e com material roubado. Precisamos de saber o que é. E
vamos ficar aqui sentadinhos até nos explicar. Gostava de dizer que temos o dia
inteiro, mas não tenho a certeza disso. Se calhar, não temos.
Helmsworth fez uma nova pausa.
E, a seguir, assentiu. Deu um puxão forte à cadeira, inclinando-se para a
frente. E disse:
— Vou contar-lhes o que me aconteceu e depois vou contar-lhes o que mais
se estava a passar. Estamos a falar da Europa, no início dos anos 1950. Sabíamos
qual era o plano de batalha. O Exército Vermelho iria infiltrar-se em força no
desfiladeiro de Fulda. A nossa primeira missão era deter a linha da frente deles e
impedir a chegada de reforços. O que planeávamos fazer visando estradas e
pontes atrás das linhas deles. Para fazer parar as divisões blindadas que se
encontravam a caminho. E talvez também centrais elétricas e outros exemplos de
grandes infraestruturas. Para desintegrar a capacidade deles. Só que não se podia
confiar na força aérea. Naquela altura, ainda não havia bombas inteligentes. E
uma ponte é um alvo muito pequeno. Precisávamos de certezas. Criámos umas
quantas companhias de sapadores. Que eram tropas paraquedistas de combate
normais com formação em demolições. A ideia era saltarem com os explosivos e
marcharem ou, se necessário, lutarem desde a zona de aterragem até ao alvo,
afixando com grande precisão cada respetiva carga ao suporte da ponte, à parede
da central ou onde quer que fosse. O plano era esse. Naquela altura, um
paraquedista militar com um explosivo às costas era a bomba mais inteligente
que possuíamos.
— Bom trabalho — atirou Reacher.
— Nem por isso. Qual seria o máximo que eles conseguiam levar às costas?
— Da zona de aterragem ao alvo? Talvez uns cinquenta quilos.
— E o problema era esse. Cinquenta quilos de TNT não chegavam sequer
para arranhar o suporte de uma ponte. É um mero foguetezinho. E uma central
elétrica é ainda maior. Por isso, pusemos essa técnica da bomba inteligente em
versão humana temporariamente em banho-maria. Ficaria a aguardar avanços ao
nível do material militar transportável. Que, por norma, eram lentos naquela

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