Escola da Noite

altura. O fascínio estava todo do outro lado do espectro. Ou seja, das coisas de
que eu não tinha conhecimento à época. Em Los Alamos, andavam mais
atarefados do que nunca. Andavam a trabalhar na bomba de hidrogénio.
Testaram-na mesmo antes de eu sair de West Point. No atol de Bikini, em março
de 1954. Foi uma explosão de quinze megatoneladas. Entrando para a história
como, de longe, a mais potente de sempre. Foi cinco vezes mais potente do que
todas as bombas juntas lançadas sobre a Alemanha e o Japão durante a Segunda
Guerra Mundial, incluindo as bombas atómicas que lançámos sobre Hiroxima e
Nagasáqui. Provavelmente, mais potente do que todo o material militar que já
tinha explodido no mundo inteiro. Tudo num milésimo de segundo. Foi uma
explosão grande para caraças, meus amigos. Tão grande que ninguém pensou
seriamente em tornar a coisa ainda maior. Acharam que a atmosfera pegaria
fogo. Não é que, nesse momento, eu soubesse o que quer que fosse sobre isso.
— E quando descobriu? — perguntou Reacher.
— Mais tarde, ainda durante a década de 50. Por essa altura, as coisas já
estavam a enlouquecer. E também descobrimos outras coisas. Descobrimos, por
exemplo, que tínhamos dois laboratórios nucleares secretos e não apenas um.
Não era só em Los Alamos. Havia outro sítio. E também havia uma teoria. Que
esteve por trás de tudo e mais alguma coisa que o Departamento da Defesa tenha
feito à época. Segundo as suas próprias palavras, o Departamento acreditava que
a rivalidade alimentava a excelência e que era imperativa para a supremacia. Era
uma verdade absoluta. Por isso, arranjou um rival para Los Alamos. Chamava-se
Livermore. Perto de Berkeley, na Califórnia. E, logo desde o primeiro momento,
começaram a trabalhar lá pessoas inteligentes. Perceberam que não valia a pena
conceber uma bomba maior. Portanto, avançaram no sentido inverso.
Conceberam bombas mais pequenas. E foram ficando cada vez melhores nisso.
Até que acabaram por construir todo um novo sistema de armas nucleares em
redor de uma nova ogiva toda catita a que chamaram W-54.
— É bom saber — disparou Reacher.
— E agora volte ao meu problema original. Um tipo com cinquenta quilos às
costas não me servia para nada. Mas eu era um comandante com um problema