Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

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Wiley tinha o nariz, parecido com uma lâmina, partido, bem como um dos
braços, pensou Reacher, pela forma como estava agarrado a ele. E a outra mão
estava a pressionar o estômago com força. Sangue vermelho-vivo jorrava-lhe por
entre os dedos. Estava a fitar o vazio, algures no horizonte longínquo, com uma
expressão de tragédia estampada no olhar. Havia ali mais espanto e angústia do
que Reacher já tinha visto. Mais desilusão extrema e dilacerante, mais dor, mais
sentimento de traição, mais incredulidade boquiaberta perante as maneiras
improváveis como o mundo pode esmagar uma pessoa.
Reacher aproximou-se dele.
E perguntou:
— Que aconteceu?
Wiley soltou um arquejo gorgolejante, com a voz a sair-lhe baixinha e
titubeante.
Disse:
— Roubaram-me a carrinha. Esfaquearam-me. Partiram-me o braço.
— Quem?
— Alemães.
— Como?
— Eu estava aqui à espera. E apareceram dois homens. Esfaquearam-me e
roubaram-me a carrinha.
— Estavas à espera de quê?
— De uns tipos que vinham buscar a carrinha. Fazia parte do acordo.

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