Escola da Noite

— É possível pôr um Mercedes-Benz novinho em folha a trabalhar sem
chave? — perguntou Reacher.
— Não — respondeu Griezman.
— Então, a carrinha foi roubada com um duplicado.
— Sim — retorquiu Griezman.
— O que é difícil de arranjar.
— Sim.
— O seu departamento tem sido bastante impressionante. Desde o primeiro
momento. O vosso desempenho tem sido excelente. Não acha?
— A modéstia não mo permite dizer.
— Estou a falar a sério.
— Mais uma vez, não posso comentar.
— Só houve um ponto fraco. A vigilância a sul de Hanôver nunca chegou a
acontecer.
— Isso foi a divisão de trânsito.
— E foram eles que puseram o carro na ponte a nosso pedido.
— O que está a dizer?
— Estou a dizer que uma sequência de acontecimentos pode ser explicada de
uma grande diversidade de maneiras.
— Indique-me uma, por exemplo.
— É tudo uma coincidência muito estranha.
— Indique-me outra maneira.
— A polícia deixa passar informação pela divisão de trânsito.
— Deixa passar informação a quem?
— A uma espécie de comunidade mafiosa. Mas não tem que ver com Itália.
Tem que ver com alemães nostálgicos. Com membros, subdivisões, regras e
cenas de toda a espécie. Mais ambições e objetivos. Foi o que ouvimos dizer.
Griezman ficou calado.
— Peço desculpa — continuou Reacher. — Estamos a esconder segredos e a
cuscar os vossos.
— E, de um modo geral, tem alguma teoria?