Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Portanto, o escritório que vimos deve ser só administrativo. Encomendas,
faturas e esse género de coisas. O trabalho pesado deve ser feito noutro sítio.
— Nas docas — retorquiu Griezman. — O tipo é dono de parte de um cais.
— E tem pessoas em lugares que o surpreenderiam.
— Estamos a falar de uma jogada de último recurso? — perguntou Sinclair.
— Não, minha senhora — respondeu Reacher. — Estamos a falar de um
palpite marado.
— Relacionado com o tipo dos sapatos?
— Primeiro, só como exemplo teórico. Imaginemos que ele é o grão-mestre
de qualquer coisa. Tem membros espalhados por todo o lado. Inclusive na
polícia. E, por isso mesmo, tem-nos acompanhado desde sempre. Ouviu falar do
negócio logo no início. E depois resolveu apoderar-se da coisa. Para a glória
máxima de seja lá o que for de que ele é grão-mestre. Aproveitou-se da nossa
investigação. E funcionou. Conseguiu sacar a carrinha. Mas foi uma corrida
desenfreada. O tempo esteve sempre a fugir-lhe. O tipo esteve sempre a tentar
reagir ao que ia acontecendo. Não podia planear nada. A ideia era apenas tirá-la
dali. E agora não sabe o que fazer com aquilo. Nem sequer sabe o que está lá
dentro. Nunca deixaram passar essa informação. Acho que ele escondeu a
carrinha num sítio qualquer perto. Temporariamente. Precisa de respirar fundo.
Precisa de perceber o que se passa.
— É plausível — respondeu Sinclair. — Mas também o são outras cem
possibilidades.
— Cem, não — retorquiu Reacher. — Dez, se calhar. Mas esta bate certo
com o que sabemos. O Dremmler perguntou ao falsificador qual era o novo
nome do Wiley. E isso não pode ser uma coincidência. Além disso, o homem é
dono de um cais. Um milhão de pares de sapatos por semana. São muitas
carrinhas. Ninguém iria notar se houvesse mais uma.
— Só temos uma hipótese de acertar.
Ele lembrou-se de se servir da outra mão, da mesma maneira, quase não
tocando na testa dela, enterrando bem os dedos e puxando-lhe o cabelo para trás.
Dessa vez, tinha deixado ficar a mão esquerda onde tinha ido parar, colada à

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