— Estamos a falar de armas para os paraquedistas militares. Contava-se com
combate terrestre imediato. Logo, devem ter previsto que balas perdidas
atravessassem as mochilas. Portanto, provavelmente não explodem devido a
isso. Quase de certeza que não. Mas, se possível, preferia não testar essa teoria.
— Se aquilo ali estiver — respondeu Orozco.
— Vamos lá descobrir.
Hooper entrou pela última das portas abertas mas não usadas e virou à
direita, afastando-se da ponta movimentada do armazém, em direção à mais
tranquila, por um canal para veículos assinalado com fitas. Pôs-se atrás da fila de
portas fechadas, travou e parou, com Neagley a sair do carro. A seguir, voltou a
arrancar e a travar, com Orozco a sair também. Por fim, arrancou de novo e
travou pela terceira vez, e Reacher foi o último a sair.
Reacher ficou parado a ver Hooper afastar-se. A primeira coisa que notou foi
o barulho. Os tapetes uivavam, chiavam e chocalhavam. E as empilhadoras
zoavam e apitavam. A segunda coisa foi o cheiro. Um milhão de pares de
sapatos novos. Como uma recordação de infância. Como numa sapataria na
Main Street, só que mil vezes mais forte.
Nenhuma das carrinhas atrás dele era de distribuição. E, à frente, não havia
nada a mexer-se. Não havia nada estacionado. Não havia veículos visíveis.
Conseguia ver até ao cais. Uma distância grande, mas uma vista desimpedida.
As luzes brilhavam com intensidade. Não havia ali nada.
Mas havia montanhas de caixas. Muitos sítios diferentes. A mais pequena
ultrapassava o Kansas. E a maior era gigantesca. E escarpada, a lembrar as
montanhas Rochosas, ao longe. Uma paisagem que se estendia da esquerda para
a direita. Perto da parede dos fundos. Mas não na parede dos fundos. Havia ali
espaço por trás. Visualmente, não parecia ser muito, por comparação com toda a
imensidão em volta. Mas, de perto e a uma escala humana, talvez fosse um
pedaço útil. Talvez desse até para um veículo.
Reacher olhou para trás. Talvez estivessem uns cinquenta tipos a trabalhar.