antecâmara. Já lá tinha esperado, muitas vezes. Para a frente e para trás, para a
frente e para trás. A vida dele era assim. Era o único homem naquela casa sem
barba nem uma AK47.
Acabaram por levá-lo para uma sala pequena e quente. O ar estava repleto de
moscas, a deslocarem-se lentamente. Havia dois homens sentados em almofadas,
ambos barbudos, um, pequeno e gordo, e o outro, alto e magro. Traziam os dois
túnicas e turbantes brancos lisos.
O mensageiro disse:
— O americano quer cem milhões de dólares.
Os homens das túnicas assentiram. O alto retorquiu:
— Vamos discutir o assunto hoje à noite, ao jantar. Volta cá logo de
manhãzinha, para saberes a nossa resposta.
Neagley tinha ido buscar uma planta das ruas de Hamburgo à receção. Abriu-
a, inclinando-a para apanhar a luz que entrava pela janela. E disse:
— Uma ausência de cinquenta minutos indicia um raio de cerca de um
quilómetro e meio, não achas? Vinte minutos até lá, dez minutos de conversa,
vinte minutos para regressar. Que género de sítio utilizariam?
— Um bar, um café ou um banco de jardim — retorquiu Reacher.
Encontraram o apartamento arrendado na planta. Neagley esticou o indicador
e o polegar e delineou um raio de um quilómetro e meio. O círculo daí resultante
abarcava um enxame de ruas que Reacher imaginou serem sobretudo
residenciais, mas também um bocadinho comerciais. Já tinha estado em imensas
cidades e sabia como funcionavam. Naquela parte do mundo, e naquela parte da
cidade, haveria prédios baixos, com apartamentos a partir do primeiro andar e
lojas e escritórios discretos ao nível da rua. Mercearias, evidentemente, em
pouca quantidade, e talvez joalharias, lavandarias e companhias de seguros.
Mais padarias, pastelarias, cafés, restaurantes e bares. Um bairro. Além disso,
havia quatro miniparques, o que implicava talvez uns oito bancos disponíveis e,
provavelmente, pombos aos quais dar de comer, que era o que os espiões faziam