Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

— E o melhor de tudo é que agora temos informações superconsistentes do
patologista. O criminoso é de estatura média e magro. Estamos a falar de
informações científicas. E é disso que estamos à procura. De mais nada.
Esqueçam os clientes antigos, a não ser que por acaso sejam de estatura média e
magros. Não estamos interessados em mais ninguém. De certeza que vai ser uma
perda de tempo porque de certeza que se trata de um marinheiro com ordenados
em atraso, que já vai pelo oceano fora, mas tem de parecer que estamos a fazer
alguma coisa. Mas concentrem-se. Não percam tempo. Estatura média,
descarnado, impressões digitais dele no carro. Confiram esses itens. E mais
nada. Não se ponham a caçar gambozinos. Poupem energias para a próxima
coisa.
Os detetives saíram em fila indiana e Griezman soltou um suspiro,
recostando-se na cadeira.


Nesse momento, o americano estava em Amesterdão a tomar duche. Tinha-se
levantado tarde. Encontrava-se hospedado num hotel a uma rua da zona mais
concorrida. Era pequeno e limpo e alguns dos hóspedes eram pilotos de aviação.
Era um sítio desse estilo. Tinha descido para tomar café e vira os jornais alemães
na sala do pequeno-almoço. Nenhum cabeçalho. Não havia nada em lado
nenhum. Estava a salvo.


Nesse momento, o mensageiro ia numa carrinha Toyota de caixa aberta,
apenas a oito quilómetros de completar uma viagem de perto de quinhentos. A
que se seguiriam quatro aeroportos e três casas seguras. Tudo isso era árduo, mas
o pior vinha primeiro. A estrada era dura. Custosa para a carrinha e custosa para
o passageiro. Era extenuante. Havia sítios em que praticamente não era sequer
uma estrada. Havia sítios em que mais parecia o leito de um rio extinto. Mas era
esse o preço do isolamento.

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