Escola da Noite

— Na opinião dele, provavelmente um corredor de meio-fundo. Talvez dos
mil e quinhentos metros para cima. Talvez mesmo um corredor de fundo, até aos
dez mil metros. Mas não era nenhum bicho-pau contranatura como um
maratonista.
— Um bicho-pau africano, certo?
— Sim, ele acrescentou isso.
— Diga-me tudo, okay?
— Peço desculpa.
— Portanto, o americano é de estatura média, com um peso normal, mas
mais para o seco, e talvez cheio de vitalidade e de energia? Algo assim desse
género?
— Sim, não parava quieto.
— E quanto tempo ele lá esteve antes de aparecer o saudita?
— Talvez uns cinco minutos. Era só um homem num bar. Ninguém estava
interessado nele.
— E o que bebeu?
— Meio litro de lager, bastante devagar. No final do encontro, ainda não
tinha bebido quase nada.
— E quanto tempo ele lá ficou depois de o saudita se ter ido embora?
— Talvez uns trinta minutos.
— E que bebeu o saudita?
— Não bebeu nada. Não o teriam servido.
— E como é o cabelo do americano?
Klopp encolheu os ombros para a tradutora e ela repreendeu-o, mandando-o
pensar. Klopp disse qualquer coisa, com pouca convicção, não era claramente a
especialidade dele, mas depois prosseguiu, decidido a recordar-se de todos os
pormenores possíveis. Acabou por ser um longo discurso. Até que, por fim, a
tradutora disse:
— O americano tinha cabelo loiro, da cor do feno ou da palha no verão. O
cabelo era bastante normal dos lados, mas muito mais comprido em cima. Tipo
um estilo. Como se pudesse fazê-lo mexer-se de um lado para o outro. Como o