® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

Na virada de 2015 para 2016, Antonelli fez uma promessa de Ano-Novo para a sua
família. “Prometi que iria criar um centro para tratar de biodiversidade na Suécia,
unindo esforços de várias instituições científicas, como museus e universidades”, ele
conta. Dito e feito. O Centro de Biodiversidade Global de Gotemburgo foi inaugurado
em 2017. “Após um ano de trabalho, em 2018, calculamos que o número de notícias
sobre biodiversidade na mídia sueca aumentou em cerca de dez vezes, principalmente
em consequência de nossos esforços para divulgar essas pautas”, diz Antonelli.


Em junho de 2018, durante uma estadia de seis meses como professor visitante na
Universidade Harvard, nos Estados Unidos, ele recebeu uma carta dos Kew Gardens,
com um convite para se candidatar à vaga de diretor científico da instituição. O biólogo
estava com 39 anos e se julgava “novo e inexperiente demais para o cargo”. Mas para o
diretor-geral dos Kew Gardens, o inglês Richard Deverell, a escolha de Alexandre
Antonelli para a diretoria científica dos jardins ocorreu na hora certa: “Ele entrou na
instituição em um momento particular, no qual seu histórico pessoal em estudos de
conservação da biodiversidade se alinhou com as visões e estratégias dos Kew Gardens
de preservar a diversidade das plantas em escala global.”


Deverell, que também é biólogo, fez trabalho de campo na Tanzânia com “Alex”, como
chama Antonelli, e ficou impressionado. “Pude me certificar do quanto ele é
apaixonado pela atividade de naturalista”, conta. “Alex é hoje uma referência global
em estudos de biodiversidade em florestas tropicais na América do Sul, contribuindo
para entender como as forças da evolução resultaram na extraordinária riqueza e
diversidade de espécies na região.”


Para poder aceitar o convite dos Kew Gardens, o biólogo brasileiro precisou deixar em
2 019 a direção do centro de biodiversidade e do Jardim Botânico de Gotemburgo.
Também abandonou os planos de desenvolver um aplicativo de reconhecimento, por
meio da câmera do celular, de espécies animais e vegetais. Ele estava testando a
tecnologia em escolas na Suécia na época.


Opríncipe Charles e Antonelli se falaram pela primeira vez, por telefone, em


dezembro de 2020. A ligação durou cerca de uma hora, e os dois conversaram a
respeito de problemas ambientais e das iniciativas científicas dos Kew Gardens.
“Falamos sobre soluções para combater o desmatamento e incentivar o reflorestamento

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