conhecemos. Passei a me interessar pelos processos evolutivos e como eles
transformam o meio ambiente.”
Em Honduras ele conheceu sua mulher, a sueca Anna Sveide, que também dava aulas
de mergulho. Os dois se casaram em 2001 e têm três filhos – Gabriel, de 16 anos, e
Clara e Maria, gêmeas de 15 anos. Antonelli passa parte dos dias em Gotemburgo, na
Suécia, onde vive sua família, e parte em Londres. Cerca de duas horas de voo (sem
escala) separa uma cidade da outra.
Foi na Universidade de Gotemburgo, uma das mais tradicionais da Suécia, que ele
terminou a graduação de biologia. “Ia para as aulas de manhã e à noite. À tarde,
trabalhava como tradutor. Anna, empregada como enfermeira, era quem arcava com a
maior parte das contas” (hoje, sua mulher dirige a ala de uma clínica psiquiátrica).
Durante o doutorado, na mesma universidade, Antonelli realizou suas primeiras
excursões científicas à Amazônia, entre 2003 e 2008. Em 2010, aos 32 anos, tornou-se
curador do Jardim Botânico de Gotemburgo, o maior dos países escandinavos, com 16
mil espécies de plantas.
No mesmo ano, junto com uma equipe de dezoito pesquisadores, publicou na
revista Science um importante estudo, intitulado Amazonia Through Time: Andean Uplift,
Climate Change, Landscape Evolution, and Biodiversity (Amazônia ao longo do tempo:
elevação andina, mudanças climáticas, evolução da paisagem e da biodiversidade).
Nele, demonstrou como processos geológicos e filogenéticos foram a razão da
formidável variedade de espécies da Amazônia. Uma causa crucial foi a elevação da
Cordilheira dos Andes, que produziu efeitos sobre a região amazônica que levaram ao
aumento da biodiversidade. A pesquisa apontou ainda que a origem do boom de
espécies no bioma amazônico ocorreu há mais de 20 milhões de anos. Antes,
acreditava-se que teria ocorrido cerca de 3 milhões de anos atrás.
No meio acadêmico, mede-se o sucesso de um artigo científico pela quantidade de
vezes que é citado em outros estudos de renome. O texto da Science foi citado em quase
2 mil pesquisas. Professor de biodiversidade da Universidade de Gotemburgo e
professor visitante da Universidade de Oxford, Antonelli já assinou cerca de 200
artigos científicos, mencionados em 12 mil estudos. “Ele é brilhante. Contribuiu para as
ciências ambientais de diversas formas, descrevendo, mapeando e realizando previsões
relacionadas à biodiversidade, além de influir em projetos que mitigam os efeitos
negativos das mudanças climáticas”, diz a botânica Mari Källersjö, professora da
Universidade de Gotemburgo e atual diretora do jardim botânico da cidade. “Mas o
que o distingue ainda mais de seus pares é sua qualidade como comunicador. Ele tem a
rara habilidade de tornar fáceis de entender as coisas mais complicadas, seja
conversando com crianças em uma escola, seja com executivos ou líderes mundiais.”