® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

colônia britânica conhecida como Ceilão. Os plantios deram certo na Ásia e
derrubaram o então poderoso monopólio brasileiro da borracha natural. Até hoje, o Sri
Lanka é um grande produtor de borracha.


Há cerca de 50 mil plantas e 14 mil árvores nos Kew Gardens, que ocupam uma área de
130 hectares – um pouco menor que o Parque Ibirapuera, em São Paulo, que tem 158
hectares. Além das atrações vegetais, várias construções erguidas no local ao longo dos
séculos chamam a atenção dos visitantes. O Grande Pagode, de 1762, é uma torre de 50
metros que imita os templos chineses. O Rock Garden, feito em 1882, exibe a vegetação
de regiões montanhosas. Atração preferida dos turistas, segundo um levantamento
interno, a Palm House é uma estufa de espécies extraídas de florestas tropicais,
construída entre 1844 e 1848. Até 2019, o jardim botânico inglês recebia em média 2
milhões de visitantes por ano, o que fazia dele um dos principais pontos turísticos da
região de Londres. Com a pandemia, entretanto, o movimento caiu mais de 40%.


Por trás da fachada turística, os Kew Gardens têm historicamente outra missão: realizar
pesquisas científicas. A instituição conta com mais de 350 pesquisadores, capitaneados
por Antonelli, e dispõe de uma receita anual na casa dos 80 milhões de libras (cerca de
590 milhões de reais), provenientes de doações, patrocínios, repasses governamentais e
lucros com projetos. Desse montante, em torno de 50 milhões de libras (cerca de 370
milhões de reais) são destinados à área de “pesquisa e conservação”.


Olugar favorito de Antonelli nos Kew Gardens é o mesmo da maioria dos


turistas: a Palm House. Ele tem um motivo sentimental para preferir a estufa de plantas
tropicais. “O cheiro, a luminosidade, a umidade, tudo me leva de volta para casa.” É só
o biólogo entrar ali e afloram em sua memória recordações do quintal em Campinas
onde passou a infância: o cheiro do pé de limão, a imagem dos cachos da bananeira,
das verduras crescendo na horta e das borboletas azuis que passeavam por lá.


Seu pai, um bancário cujo hobby era a astronomia, costumava ficar horas observando
as estrelas. O menino também gostava de vasculhar o céu com o telescópio doméstico,
mas seu passatempo predileto era coletar e colecionar insetos. “Minha família me
chamava de bicho do mato”, conta Antonelli. “Eu fazia assim”, ele explica,
gesticulando. “Com um pedaço de tecido preso a um arame, capturava borboletas e
besouros para guardar em caixas de sapato. Até hoje tenho essa mania.” Ele guarda

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