convidado, apesar de grande parte do território do país abrigar a floresta mais
biodiversa do planeta, a Amazônia.
Após a visita à Coffea stenophylla, a comitiva seguiu para o Grass Garden, área dedicada
principalmente às gramíneas, com 550 espécies, todas de uso comercial. Ao avistar
alguns tipos de grama de maior porte, o príncipe perguntou a Antonelli sobre a
serventia delas. “Sir Charles, essas espécies geram menos gás metano nas vacas que as
comem. E o metano que elas emitem colabora com as mudanças climáticas”, explicou o
biólogo paulista. “Mas elas gostam de comer isso?”, perguntou o príncipe. Ao que
Antonelli respondeu: “Se não tiverem outra opção, sim.” E os dois soltaram uma
risada, quebrando a formalidade do encontro e atraindo os flashes dos fotógrafos que
acompanhavam a visita.
O passeio terminou no Laboratório Jodrell, onde cientistas estudam o DNA de plantas
e realizam análises de produtos de grandes empresas como a sueca Ikea e a norte-
americana Procter & Gamble.
Os Royal Botanic Gardens (Jardins Botânicos Reais), mais conhecidos como
Kew Gardens, por estarem situados na região de Kew, no sudeste de Londres,
remontam ao início do século XVIII. Nessa época, o local abrigava residências de
nobres, mas foi adquirido em 1759 pela princesa Augusta de Saxe-Gota-Altemburgo,
mãe do rei George III, que decidiu criar ali um jardim de plantas exóticas. Pouco a
pouco, todo tipo de vegetal começou a chegar ao jardim, trazido pelas mãos dos
curiosos naturalistas britânicos que se espalharam em expedições por várias partes do
mundo.
Em 1840, o jardim botânico deixou de pertencer à realeza e passou a ser comandado
pelo governo britânico, reforçando o seu cunho científico e de pesquisa econômica,
com o desenvolvimento de espécimes para o cultivo. Um episódio dramático do
colonialismo aplicado à agricultura, aliás, vincula os Kew Gardens à história econômica
brasileira. Em 1876, um funcionário dos jardins, Robert MacKenzie Cross, e o
comerciante de borracha inglês Henry Wickham conseguiram levar com sucesso da
região amazônica para a Inglaterra milhares de sementes da Hevea brasiliensis, a
seringueira, que produz a borracha natural. As mudas foram cultivadas nos Kew
Gardens, e as que floresceram, enviadas para serem plantadas no Sri Lanka, então