® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

é, é preciso aprender a rir-se de si, porque as lágrimas...,


uma vez, faz tempo, tive de pegar um filhote de andorinha que caiu do ninho, já
emplumado, no quase fugir do chão, sua janela de liberdade por abrir-se à vida, feita
de azul, faltando pouco,


cuidei dele, então, com papinha de fubá, durante uma semana, e tomei-me de amor,
porque o tiquinho de vida se afeiçoou a mim, enfiado entre os meus pés, protegido,
querendo estas mãos em concha, ainda hoje, nas lembranças, quando bate as asinhas e
pia conversas que passei a compreender com mais fundura que as palavras todas, que
nunca aprendi...,


teve uma infecção repentina e morreu entre os meus dedos..., foi deitando o corpinho,
recolhendo uma pata, engruvinhada, e eu supus, por tremenda vontade, impedir-lhe o
fim, erguendo sua postura, com a delicada maior força que fiz na vida, em vão...,


sempre choro, quando uns piadinhos ecoam, no cair da tarde, apagando a distância
tecida destes esgarçados dias, emaranhados em cegos nós...,


... eu me divertia muito nas quermesses, vovó amarrava o balão com força, em várias
voltas e volteios, até arroxear os meus dedos,


se escapar, não compro outro, não!, ... vai aprendendo a segurar as coisas de que gosta, hein!,


isso, pra dizer a verdade, agora, acho que nunca aprendi, vovó...,


tudo o que amei ficou longe do alcance das mãos,


... ou escorreu por entre os braços,


... uns velhinhos vão escorando os outros como disfarce das próprias tonturas, o que
não é recomendado,


às vezes, a dupla cai do cavalo, ... ou da burrice, quando, por azar, ambos os mundos
da lua, lá deles, no entorno translativo de cada um, corrupiando para a mesma banda

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