® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

porque sábado é dia de trabalho para esse pessoal”, explicou o agente de turismo
Edson Lopes, que há nove anos organiza viagens de Belo Horizonte para o Rio.


A atividade alimenta uma cadeia de prestadores de serviço informais que madrugam
para recepcionar os visitantes. Às 3h30 soou o despertador na casa de Humberto
Farias, de 26 anos, morador da Zona Norte que gerencia um quiosque de aluguel de
cadeira e guarda-sol. Quando um ônibus proveniente de Piracicaba, no interior de São
Paulo, encostou às seis da manhã em frente ao Copacabana Palace, ele já estava a
postos no local – Farias havia sido avisado na véspera da chegada do grupo.


A parceria entre os quiosques e os organizadores das excursões garante pequenos
confortos aos viajantes. Farias indica dois deles: chuveiro para tirarem a areia do corpo
antes do embarque para casa e ajuda para transportar as caixas de isopor e
os coolers repletos de bebida e comida que são trazidos de casa para reduzir o custo
com alimentação. Ele jogou duas grandes caixas de isopor nos ombros e conduziu os
passageiros até o quiosque. “Cliente meu não carrega peso”, disse. O quiosque
funciona também como ponto de referência, caso o turista se desgarre do grupo e se
perca na praia, o que é comum.


Lucas Francisco, de 21 anos, foi outro que acordou às 3h30. Ele mora com os pais em
São Gonçalo, cidade a 32 km do Rio de Janeiro, e até julho do ano passado era zagueiro
do Casimiro de Abreu Esporte Clube – no município fluminense de mesmo nome.
Quando a agremiação suspendeu o futebol profissional, o jovem se viu forçado a entrar
temporariamente para o time dos ambulantes da praia como vendedor de espetinhos
de camarão.


Os ônibus dos excursionistas chegam e saem da cidade sem nenhum controle


ou acompanhamento por parte do poder público municipal. A prefeitura também não
dispõe de informações estatísticas sobre esses visitantes, segundo o secretário
municipal de Turismo, Bruno Kazuhiro. Ele contou que os hotéis e restaurantes
reclamam que as excursões não contribuem para a geração de renda e arrecadação de
impostos, porque trazem um turista que não consome. O secretário parece concordar
com o raciocínio, que não leva em conta os ganhos do comércio informal.

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