Super Interessante (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1
Em 1961, Fantastic
Four 1 marcou o início
da revolução da Mar-
vel nos quadrinhos.
Na história, Reed Ri-
chards, Ben Grimm e
os irmãos Sue e Johnny
Storm ganham poderes
após uma tempestade
cósmica e se tornam o
Quarteto Fantástico. A
história era inovadora:
os personagens viviam
brigando, e as cenas em
que eles adquirem suas
habilidades eram ago-
nizantes – quase um
filme de terror.


elas eram as responsáveis
pelo mau comportamento
dos jovens – algo seme-
lhante ao que acontecia
com os discos de rock
nessa mesma década. O
ápice da repressão foi em
1954, quando se instituiu
um código de conduta
para as revistas. As his-
tórias não poderiam, por
exemplo, mostar “sinais
de violência exacerbada”.
Como acontece em qual-
quer cenário de censura,
a criatividade acabou to-
lhida. Os gibis de heróis
perderam força e as ven-
das diminuíram.
Stan e a Timely então
focaram em outros en-
redos, como faroestes e
romances leves. Em 1958,
Jack Kirby voltou para a
editora. Mas o clima não
poderia ser pior: um mau
negócio de Goodman o
forçou a contratar a dis-
tribuidora Independent
News, que pertencia à
National. Isso limitou a
circulação da Timely, que
acabou cortando 80% de

sua produção. As coisas
só melhorariam em 1961,
quando o tal código de
conduta já não apitava
(tem lei que pega, tem
lei que não pega...). Du-
rante uma partida de gol-
fe, Goodman ouviu um
executivo da National se
gabar de um novo suces-
so da editora, a Liga da
Justiça. Então não pensou
duas vezes: correu e man-
dou Stan criar um time
de super-heróis. Nascia
ali o Quarteto Fantásti-
co, que chegaria às ban-
cas em novembro de 1961


  • mesmo ano em que a
    Timely mudou de nome
    para “Marvel”.
    Tanto Stan quanto
    Jack Kirby, cocriador do
    Quarteto, contam ver-
    sões diferentes sobre a
    origem do supergrupo. A
    mais consagrada é a de
    Lee, que diz ter feito toda
    a concepção dos perso-
    nagens, enquanto Kirby
    cuidou só do visual. Kir-
    by, por sua vez, afirmava
    ser responsável também
    por boa parte das histó-
    rias, não apenas das ilus-
    trações. Essa questão se
    repete na avalanche de
    personagens que vieram
    depois: Hulk, Thor, Ho-
    mem-Formiga, Homem
    de Ferro, os X-Men, Dou-
    tor Estranho e Homem-
    -Aranha – no caso desses
    dois últimos a rusga pela
    primazia criativa foi com
    outro parceiro, o quadri-
    nista Steve Ditko.
    O cerne desse pro-
    blema está no que ficou
    conhecido como “Método
    Marvel”, consolidado nos
    anos 1960. Normalmen-
    te, escritores entregam a
    ilustradores um roteiro
    bem detalhado da HQ,
    com enredo, diálogos e
    indicações do que vai en-
    trar em cada quadrinho.
    Lee bolava sinopses das


fevereiro 2022 super 55

ponto
de partida

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