iguais?
HENRY FORD — Na natureza não há duas coisas iguais. E a igualdade
entre os homens também é uma ideia equivocada e desastrosa. Nunca admirei
a igualdade, mas tampouco isso foi para mim um espantalho. Mesmo se
fazemos de tudo para produzir carros idênticos, compostos de peças idênticas,
de tal forma que cada peça possa ser retirada de um carro e montada em outro,
essa identidade é só aparente. Cada Ford, uma vez posto na rua, tem um
comportamento um pouco diferente dos outros Ford, e um bom motorista,
depois de ter testado um carro, consegue reconhecê-lo entre todos os outros,
basta que pegue o volante, que gire a chave da ignição...
INTERLOCUTOR — Mas o mundo que o senhor ajudou a criar... o senhor
nunca teve medo de que fosse terrivelmente uniforme, monótono?
HENRY FORD — A pobreza é que é monótona. É um desperdício de
energias e vidas. As pessoas que faziam fila no nosso escritório de contratação
eram uma multidão de italianos, gregos, poloneses, ucranianos, emigrantes de
todas as províncias do império russo e do império austro-húngaro, que falavam
línguas e dialetos incompreensíveis. Não eram ninguém, não tinham profissão
nem casa. Fui eu que os honrei neste mundo, dei a todos um trabalho útil, um
salário que os tornou independentes, fiz deles homens capazes de dirigirem a
própria vida. Mandei ensinar-lhes o inglês e os valores da nossa moral: essa era a
única condição que eu impunha; se não estavam de acordo, que fossem embora.
Mas quem estava disposto a aprender nunca foi despedido por mim. Tornaram-
se cidadãos americanos, eles e suas famílias, em igualdade com quem havia
nascido em famílias que estavam aqui havia gerações. Não me importa o que
um homem foi: não lhe pergunto seu passado, nem de onde vem, nem que
méritos tem. Não me importa se esteve em Harvard e não me importa se
esteve em Sing-Sing! Só me interessa o que pode fazer, o que pode se tornar!
INTERLOCUTOR — É... se tornar, uniformizando-se segundo um
modelo...
HENRY FORD — Compreendo o que o senhor quer dizer. A diversidade
entre os homens é o ponto de partida que sempre tive presente. Força física,
rapidez de movimentos, capacidade de reagir a situações novas são elementos
que variam de indivíduo para indivíduo. Minha ideia foi a seguinte: organizar o
trabalho dos meus estabelecimentos de modo a que quem fosse inábil ou
inválido pudesse render tanto quanto o operário mais hábil. Mandei classificar as
funções de cada serviço de acordo com o que exigiam: mais robustez, ou força
ou estatura normal, ou se podiam ser feitas também por pessoas menos dotadas
fisicamente e menos rápidas. Resultou que havia 2637 trabalhos que podiam ser
entregues a operários com uma perna só ( faz por mímicas operações mecânicas
fingindo estar sem uma perna), 670 a quem não tinha as duas pernas ( faz mímicas
como acima), 715 aos sem um braço ( faz mímicas como acima), dois aos que não
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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