RAIAS-DIABO 65
A recolha de dados
sobre a biologia dos
exemplares que são
desembarcados no porto
de pesca, juntamente
com entrevistas aos
pescadores, permitiram
aos cientistas descobrir
que Muncar é uma zona
importante de reprodu-
ção para raias-diabo.
A bióloga Betty
Laglbauer tem promovi-
das várias sessões de
educação ambiental
nos territórios onde o
problema é mais severo.
A pressão que as actividades pesqueiras exer-
cem constitui uma luta desigual entre o homem
e a natureza. Para seres marinhos que geram ape-
nas uma cria a cada dois ou três anos, ao longo de
uma vida reprodutiva de apenas dez, não somos
um adversário, mas sim uma sentença. Ao con-
trário das mantas, espécies carismáticas e prote-
gidas nos seis milhões de quilómetros quadrados
da Zona Económica Exclusiva do país, as móbulas
não têm estatuto de proteção. A inclusão em 2016
no anexo II da Convenção sobre o Comércio Inter-
nacional de Espécies da Fauna e da Flora Selva-
gem Ameaçadas de Extinção, que passou a proibir
a sua comercialização internacional, parecia ser
uma vitória face à procura desenfreada de guelras
pelo mercado chinês, mas pouco mudou na prá-
tica. Quando um fruto como este é proibido, tor-
na-se mais apetecido por aqueles que descobrem
novas oportunidades no mercado negro.
Em 2017, uma operação do Ministério das Pes-
cas e Assuntos Marinhos apreendeu duas tonela-
das de guelras na vila de Sedayu, que se encontra-
vam no interior da maior fábrica ilegal identifica-
da até hoje, secas e prontas para exportação.
“O combate a este problema promete ser um
longo caminho. A única solução tem de benefi-
ciar todas as partes interessadas”, admite Betty
Laglbauer. Com o objectivo de munir os decisores
políticos de ferramentas para a implementação
de medidas de gestão sustentáveis, o The Mo-
bula Project associou-se ao Instituto Indonésio
de Ciências e a comunidades piscatórias locais.
A cooperação estendeu-se ainda a organizações
não governamentais, como o Manta Trust.