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HÁ QUASESETEANOSquecaminhoaolado
de migrantes.¶NoInvernode2013,parti de
HertoBouri,noNortedaEtiópia,e comecei
a reconstituir,a pé,a jornadadefinidora da
humanidade:a primeiracolonização da
Terra. ¶ Vivo a minha longa caminhada como
um contador de histórias. Relato aquilo que
vejo no terreno e o que aprendo com as pes-
soas com quem me cruzo, seguindo os cami-
nhos percorridos durante a nossa descoberta
inicial do planeta. Soube desde o início que a
minha rota seria vaga. Segundo os antropó-
logos, a nossa espécie saiu de África pela pri-
meira vez há seiscentos séculos e deambulou
sem rumo, até chegar à extremidade meridio-
nal da América do Sul, derradeira paragem e
a minha meta nesta viagem. Éramos caçado-
res-recolectores. Não possuíamos escrita e
desconhecíamos a roda, a domesticação dos
animais e a agricultura. Avançando por praias
vazias, íamos provando crustáceos. Para nos
orientarmos, seguíamos as formações em
forma de flecha dos grous migratórios. Até
agora, percorri mais de 16 mil quilómetros na
peugada destes aventureiros esquecidos.
DJIBUTI 2013
Em busca de um sinal
No Corno de África,
migrantes agrupam-se
na escuridão da praia
de Khorley, na cidade
de Djibuti. Utilizando
cartões de dados
móveis comprados no
mercado negro, esperam
conseguir captar um
sinal proveniente da
vizinha Somália para
contactar os familiares
que deixaram para trás.
UM
MUNDO
EM
MOVIMENTO