Cláudia - Edição 695 (2019-08)

(Antfer) #1

claudia.com.br agosto 2019 119


Fotos


Lucas Landau • Beleza Breno Melo


FUGINDO DE FÓRMULAS BATIDAS,
ILONA SZABÓ BUSCA SOLUÇÕES
PARA SEGURANÇA PÚBLICA

No início dos anos 2000, após completar
um mestrado sobre conflito e paz na
Suécia, a fluminense Ilona Szabó estava
determinada a interferir nos violentos
embates sociais do Rio de Janeiro.
Passou a apoiar a ONG Luta pela Paz,
que atua na educação de adolescentes
em comunidades da capital do estado.
A experiência se tornou um trabalho de
campo para observar a desproteção das
crianças em meio a disputas armadas. Na
linha de frente, criou, após a aprovação
do Estatuto do Desarmamento, em 2003,
o primeiro posto de entrega voluntária

de armas no Brasil, que serviu de modelo
para o restante do país. Apesar da
atuação constante, admite que o trabalho
nas comunidades era desgastante. “A
cada vida perdida, um pedaço de mim
que ia embora”, recorda. Passou a se
questionar como poderia contribuir
ativamente para a construção de uma
sociedade mais justa e segura. Decidiu se
dedicar ao desenvolvimento de soluções
na área das políticas públicas. Para tanto,
agregou o conhecimento que obteve de
pesquisas e de seu papel como então
coordenadora de comitês internacionais
de discussões sobre segurança pública,
entre eles a Comissão Latino-Americana
sobre Drogas e Democracia, e participou
da fundação do Instituto Igarapé, em

ILONA SZABÓ | POLÍTICAS PÚBLICAS


“Conhecendo


propostas mais


eficientes para


os problemas


de segurança


pública, não


posso me calar”


ILONA SZABÓ, cientista política

2011, no qual é diretora. A entidade
se desenvolveu assentada no princípio
da criação coletiva por meio da
experiência compartilhada. “Não temo
um bom confronto de ideias e sei que,
se as pessoas têm informação, elas
podem mudar de opinião”, pontua.
Com base em conceitos de combate
à desigualdade e fortalecimento da
democracia, formulou voluntariamente
um modelo de segurança pública para
o Rio de Janeiro com 25 propostas
nas últimas eleições – como sempre,
reunindo um fórum diverso de pessoas
para contribuir – e encaminhou para os
candidatos eleitos (não se sabe, porém,
se ao menos parte dele está sendo
implementado). Também fundou o
Movimento Agora, com o intuito de
construir um plano de ação para o
próximo governo. Na tentativa de levar
esses temas a um público mais amplo,
publicou Drogas: As Histórias Que
Não Te Contaram e Segurança Pública
para Virar o Jogo (ambos pela Zahar).
Participou também como uma das
roteiristas do documentário Quebrando
o Tabu. “Disponibilizamos dados sobre
o que deu certo mundo afora e o que
podemos fazer para interromper o
medo e botar a mão na massa juntos.”
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