- Acho que você sabe perfeitamente do que estou falando. Trata-se de fazer um
favor a um velho amigo; é tudo o que peço. Não pretendo me imiscuir no seu
trabalho. – Marcus fez uma pausa breve, teatral, antes de apelar para a peça mais
importante do jogo: a compaixão. – Um marido se suicidou. A família está
desolada, a dor se instalou para sempre no coração deles, e me pediram para ajudar a
encerrar esse capítulo o quanto antes. Por isso estou aqui. Não creio que haja nada
de mau no que peço. Por acaso os cidadãos não podem mais implorar compaixão da
polícia? - Mas não é disso que estamos falando.
- Estamos falando do quê, então?
Hartvig ficou olhando para Marcus, que se deu conta de que o outro queria dizer
alguma coisa. Deu-se conta das voltas que Hartvig estava dando ao assunto na
cabeça. O diretor-geral travava uma batalha consigo mesmo: as leis se pegavam
contra a ideia de garantir o futuro. Chegar a uma conclusão custou a Hartvig um
tanto mais do que aquilo com que Marcus estava acostumado. - Vou ver o que posso fazer – disse Hartvig, e estendeu a mão para pôr ponto-
final na conversa.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1