A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

de jornalismo”. Os colegas de Eva tinham rido, convencidos de que era brincadeira
do professor; mas um único olhar para o homem deixava bem claro para Eva que
ele falava muito sério. Logo na primeira vez, Eva tinha concluído que se tratava de
um palhaço amargurado.
Sentou numa das cadeiras do corredor, em frente à sala de Juncker. O que diria
quando chegasse à creche? Que tinha ido ao médico? Devia telefonar e dizer que
estava doente? Pegou o celular, mas, em vez de ligar para a creche, deu busca de Jens
Juncker no Google. Achou uma série de menções. Juncker aparecia muito na mídia.
Um caso em seus tempos na Divisão de Crimes Financeiros fez que o policial se
tornasse alvo da imprensa. Eva percorreu algumas páginas. A polícia tinha sido
muito criticada. Num editorial do Børsen,[6] tinham até tachado Jens Juncker de
“completo incompetente”. Juncker tinha se defendido, e Eva não teve tempo de ler
mais porque, naquele mesmo instante, ele saiu de sua sala. Não a viu e seguiu pelo
corredor. Eva correu atrás dele.



  • Oi, Jens!
    Ele se virou e olhou para Eva, tentando se lembrar de onde poderia conhecê-la.

  • Acabei de ver o seu chefe – disse Eva, sem lhe dar tempo de abrir a boca.

  • Ah, é? Não sei quem...

  • Estávamos falando de Brix – disse Eva, interrompendo-o. – Você sabe, o
    coitado que se matou com um tiro.

  • Desculpe-me, mas já fomos apresentados?

  • Era um desses caras de Bruxelas – disse Eva, buscando alguma reação de
    Juncker. – Aparentemente, tudo ia bem com ele. Tinha dinheiro no banco, era
    amigo das pessoas certas... Você não acha meio prematuro descartar a possibilidade
    de que a morte dele tenha sido crime? Puseram à venda uma casa grande, que vale
    muitos milhões.
    Jens Juncker olhou gelidamente para ela, sem responder.

  • E você é...?

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