andei fuçando a bolsa dela e afanei o celular.”
Ouviu uma sirene, alta e inquietante. O som se aproximou e, então, parou. Pela
janela da escada, Eva viu que a ambulância parou em frente à creche e que dois
maqueiros saíam do veículo. Torben tinha voltado. Desceu correndo a escada, com
Anna nos calcanhares. Os dois tomaram a frente de Eva, e ela os seguiu até o
parquinho, onde uma menina chorava sentada no colo de Mie, que a consolava.
Um filete de sangue escorria pela testa da criança e descia pelo rosto. Eva não
conseguiu determinar se ela também tinha quebrado os dentes ou se era sangue da
testa o que lhe entrava pela boca.
- Ajude-nos a afastar um pouco os pequenos – disse Anna.
- Mas é claro. – Eva começou a chamar as crianças para que se afastassem dos
maqueiros. – Venham cá! – gritou para elas, mas só algumas lhe deram atenção.
Kamilla lhe deu uma mão. - Abram espaço para os senhores amarelinhos! – gritou.
A menina subiu na ambulância com as próprias pernas. Mie a levava pela mão.
Não ligaram a sirene quando partiram. - Meu Deus! – disse Kamilla, e soltou uma gargalhada de alívio. – Quanto drama
fizeram! Quase cheguei a achar que... - A Esther morreu? – perguntou um menino, e começou a chorar.
- Não – disse Kamilla, e o pegou nos braços. – Ela só caiu do balanço e machucou
a cabeça. Vai ficar tudo bem, você vai ver. Venha, vamos entrar.
Eva acompanhou Kamilla e as crianças até a sala de aula. Algumas continuavam
chorando, mas a maioria achou tudo muito emocionante. Kamilla voltou a pedir
que se acalmassem; ainda não tinha terminado de sossegá-los quando Torben e
Helena entraram na sala. Torben se postou na porta, como se para garantir
pessoalmente que ninguém escapasse. Eva viu de imediato do que se tratava e sentiu
as faces e o pescoço ficarem vermelhos. - Temos outro probleminha – anunciou o diretor, com as mãos na cintura.