instituição?
Eva olhou para o cachorro sentado num dos lados da entrada principal.
Na rua, uma mãe que acabava de chegar de bicicleta ia tirar o capacete da filha.
- Kamilla, o cachorro morde? – perguntou a mulher.
- É cão de rinha – respondeu a professora. – Não tinha nada que estar numa
creche cheia de gente.
Falava com autoridade, como um político, pensou Eva.
A menina parecia a ponto de sufocar com o enorme capacete. Eva voltou a olhar
para o cão do parquinho – uma fera com as orelhas cortadas e o rabo muito curto e
esquisito. Estava sentado, estoicamente, em frente à entrada principal da creche. - Inge! – disse Kamilla, voltando a se dirigir a Eva.
- Meu nome é Eva – respondeu, ligeiramente incomodada. A ex-sogra se
chamava Inge, e Eva não tinha exatamente boas lembranças dela. - Isso, desculpe-me, como sou avoada! Eva! Não se preocupe, agora não esqueço
mais. Acho que errei o nome porque estou com medo. Só diga à Anna que vim para
o trabalho como combinado, mas que, por motivo de segurança pessoal, estou
impossibilitada de entrar na instituição. - Hoje é o meu primeiro dia – disse Eva. – Antes vou precisar...
- E eu tenho que trabalhar! Diga à Anna o que eu disse, só isso. Não posso ficar
esperando. Precisam levar esse cachorro embora o quanto antes, ponto. - Mas esse vira-lata está aqui de novo?! – perguntou um pai, que chegou numa
bicicleta preta de entregas. Ele balançava negativamente a cabeça.
O filho olhou com curiosidade para o bicho. - Eu que o diga. – Kamilla lançou um olhar de reprovação a Eva. – Isso não está
certo. Vamos ter que falar outra vez com a direção.
Kamilla e os dois pais começaram a papear, e Eva aproveitou para avançar para a
entrada principal e para o cão, que olhava fixamente para a frente. Fosse como
fosse, aquele bicho não poderia estar ali de jeito nenhum. Primeiro dia de trabalho,