A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

  • Eva...

  • Sim?

  • Acho que se trata de simples roubo.

  • É.

  • Mas também acho que você não quer nos contar alguma coisa.
    Encarou Eva, preocupado, como um amigo, como alguém que queria ajudá-la.
    Depois olhou para o outro policial. Silêncio. Eva olhou pela janela.

  • Que horas são? – ela perguntou, embora já soubesse a resposta. – Daqui a
    pouco, tenho que ir trabalhar.

  • Mas é claro que não tem que ir trabalhar! – disse Søren. – Depois de tudo o que
    passou?!
    Eva fez que não. “Vou, sim”, pensou, mas lhe faltavam forças para dizer isso, para
    explicar que o assalto tinha tido nela o efeito oposto. Os psicopatas que tinham
    invadido sua casa, aqueles nojentos que tinham colocado as mãos nela, não iam
    assustá-la.
    Olhou para as próprias mãos. Tremiam uma barbaridade; tomara que parassem
    de tremer antes que fosse trabalhar na cozinha da creche. Não conseguiria cortar os
    pepinos e as cenouras para as crianças se não controlasse as mãos.

  • Eva?

  • Sim?
    Era de novo o policial jovem.

  • Vamos ter que mandar os peritos para cá, e é melhor que eu já vá avisando:
    ocupam um espaço danado com o equipamento deles. Depois eu venho pegar você,
    porque vamos ter que tomar o seu depoimento. Mas talvez você queira dormir um
    pouco, antes. Quer que um médico dê uma olhada no seu pescoço? É, o melhor é
    irmos para o hospital, para que examinem você. Também podemos oferecer ajuda
    psicológica.

  • Não, não. Eu estou bem, de verdade – disse Eva, e pensou em Martin, no dia

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