A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

  • Vá em frente, conte tudo.

  • Então vou sentar – disse Eva, e puxou uma cadeira da mesa de jantar. – Agora
    trabalho numa creche, O Pomar das Macieiras, em Roskilde. Um dia, um menino
    lá fez um desenho.

  • Desenho? – disse Juncker, impaciente.

  • É, o desenho de um homem que estava sendo assassinado. A vítima era o tio do
    menino. Esse tio se suicidou uns minutos depois de o menino ter desenhado o
    assassinato. Não é uma coincidência esquisita?

  • Christian Brix? – perguntou Juncker.

  • Ele mesmo. Foi quase como se o menino tivesse previsto a morte do tio. E aí...

  • Clarividência – disse Juncker, sarcástico.
    Eva não lhe deu atenção e continuou:

  • Você me disse que Brix tinha mandado um torpedo para a irmã pouco antes de
    se matar. E um dia... – Hesitou uma última vez, mas de repente uma voz interior
    que lhe disse: “Vá em frente”. – E um dia tive a chance de pegar o celular para o
    qual ele tinha mandado esse torpedo.

  • O celular de Helena Brix?

  • Isso. Ela esteve na creche, e tive acesso à bolsa.

  • Você furtou? – disse Juncker, brusco.

  • Foi coragem cidadã – respondeu Eva.

  • Palavreado rebuscado não vai ajudar você em nada.

  • Tipo “clarividência”?
    Juncker fez um gesto de impaciência. Parecia ter vontade de bater. Eva tornou a
    não fazer caso dele.

  • Não consegui desbloquear – continuou – e aí contatei um amigo da época de
    faculdade, que talvez pudesse me dar uma mão.

  • O Rico.

  • E ele, de fato, podia me ajudar. Eu lhe dei o celular, ele desbloqueou e entrou

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