- Estamos reformando – disse, e acrescentou: – Um segundinho, quero só tirar
isto.
Tirou a manta que estava no sofá e a jogou em cima de uma cadeira. Ninguém
sentou. - Ontem à noite, encontraram Rico Jacobsen morto – disse Juncker, e examinou
o rosto de Eva, sua reação. – Você não parece ter ficado surpresa. - Quem encontrou?
- Como assim quem encontrou? Que tipo de pergunta é essa?
- Não sei.
- A pergunta devia ser quem matou. – Juncker olhou para ela, atento. – Eva?
- Hã?
- Quem matou Rico?
- Não sei.
- Você esteve com ele ontem?
Eva ficou pensando um bom tempo, tempo demais. “O que será que eles já
sabem?”, perguntava a si mesma. - A gente só se falou – disse por fim.
- Não foi o que perguntei.
Ela perderia o emprego se contasse tudo. Talvez pudesse limitar-se a dizer apenas
parte do que sabia – mas o quê? Contar o quê? E ficar calada sobre o quê? - Sabemos que ontem você esteve no apartamento dele. Temos testemunha, e os
registros das antenas de celular mostram que você esteve lá. - OK – disse Eva, interrompendo-o. – OK... – Levantou os braços, em gesto de
rendição, talvez para ganhar tempo. Precisava deixar que as últimas informações se
ordenassem em sua cabeça. – Estive mesmo em contato com Rico Jacobsen. É uma
história muito comprida, mas já vou avisando que não matei o Rico. Eu nem
sequer... – Esteve a ponto de dizer “entendo dessas coisas”, mas percebeu a tempo o
quanto aquilo pareceria estúpido.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1