adiantou nada. Anna precisou levantar a voz para que a ouvissem por cima do
berreiro que a filha de Frank abriu.
- Bem, como eu dizia, Eva, esta é a Sala Verde, e você já conhece a Mie. Ainda há
o Kasper. Aliás, onde foi que ele se meteu? Faz tempo que não o vejo. - Acabou de sair para trocar fralda – disse Mie, semeando uma dúvida terrível em
Eva. Também lhe caberia trocar fraldas? Torben já não tinha dito que ela teria que
dar uma mão nas salas? - Agora vou lhe mostrar a cozinha – disse Anna, mas foi interrompida por uma
batida violenta de porta.
Kamilla, aquela que tinha se recusado a entrar para trabalhar até que levassem o
cachorro embora, estava marcando presença. Parou em frente à porta da Sala Verde
e olhou com frieza para Anna. - Ele me empurrou, Anna – disse.
- O Frank?
- Já chamei a polícia.
- Ah, não, Kamilla!... Você exagerou.
- Anna, você é a responsável pela prevenção de riscos. Só precisa telefonar e dizer
a eles que não precisam vir; é decisão sua. Mas recomendo que deixe virem. Basta
uma mordida para que um dos pequenos fique sem rosto, e isso já poderia ter
acontecido. Cachorro solto não pode ficar nas imediações da creche. A segurança
precisa ser garantida. Isso ficou claro?
Anna olhou para Eva, que olhou para o chão; sentia-se fora de lugar, como se um
par de olhos condenadores tivesse se posto a fitá-la no meio de um conflito que se
arrastava havia muito tempo. - Mas, Kamilla, você não acha que deveríamos dar um pouco de tempo ao Frank
para ver se ele entendeu? – perguntou Anna. – Quero dizer, para que polícia?...
Vamos assustar os pequenos. - Ele tentou me bater.