podia subir a janela, essa espécie de ponte levadiça, quando não se queria continuar
falando.
- Hans Jørgen Hansen?
O homem olhou para trás. Estava com a porta aberta, prestes a entrar no carro. - Eu conheço você? – perguntou, em tom autoritário. O cabelo, grisalho e curto,
ainda estava úmido da chuveirada no clube. - Sua filha me disse que eu o encontraria aqui.
Eva se deu conta de que o parceiro de tênis de Hans Jørgen os olhava com
curiosidade, matutando quem seria aquela moça. - Do que se trata?
- Tem cinco minutos?
- Para quê?
- Para conversar sobre Christian Brix.
Por um instante, Hans Jørgen pareceu desorientado; precisava de um momento
para se ressituar e se refazer. - Quem é você? É alguma jornalista?
Eva olhou para trás. O parceiro de quadra não fazia nenhum esforço para
esconder a curiosidade. - Tem algum lugar onde a gente possa conversar? – perguntou Eva.
- Antes eu quero saber com quem estou falando.
- Meu nome é Eva. Sim, sou jornalista.
- Acho muito inoportuno alguém vir aqui para falar de uma coisa que tem a ver
com trabalho – disse o médico, cortante. – Meu lazer é sagrado. Você pode ir ao
Departamento de Medicina Legal no horário de atendimento.
Já ia se enfiar no carro quando Eva o pegou pelo braço. - Brix não se matou – ela disse.
Ele a encarou. - Está tudo bem, Hans Jørgen? – perguntou o amigo, de longe.