entrar no carro, logo depois de terem combinado que Eva iria de ônibus, ele tinha
pegado o celular. Para quem teria ligado? Deveria ter investigado o legista mais a
fundo antes de ir até ele. Lagerkvist lhe teria dado razão nisso. “Quem é o
adversário? De que loja maçônica e conselhos de administração ele é membro?
Qual o passado dele? Foi militar?”
Tornou a olhar por cima do ombro enquanto o seguia pela passarela. Haveria
alguém no encalço de Eva, talvez no barco? Estariam esperando por ela?
- Bem-vinda a bordo – disse Hans Jørgen. Estava no convés e lhe estendia a mão.
- Para quem você telefonou?
- Do que você está falando?
- Quando entrou no carro.
Ele a olhou com frieza, irritado. - Preciso ter certeza – ela disse. – Eles andam muito perto de mim.
- Você acha que eu tenho parte nisso tudo?
Um ruído de desdém saiu pelo nariz de Hans Jørgen. - Não sei mais o que achar.
- Mas então por que você me procurou se...?
- Para quem você telefonou? – disse Eva, interrompendo-o.
- Para a minha filha. Mas, ora, se foi você quem entrou em contato comigo!
- Posso ver seu celular?
Ele olhou para Eva, ponderou o pedido e acabou esboçando um sorriso (o que
surpreendeu Eva) antes de tirar o Blackberry do bolso. Duas chamadas perdidas.
Última discagem: para Katrine. - Satisfeita?
Ela o encarou. Estavam dentro da cabine. Pela primeira vez desde que tinha
conhecido o legista, via nele alguma coisa de infantil, uma alegria especial. Eva