A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

amigos de mais de sessenta anos. Provavelmente também entre os de menos de
vinte e cinco. Não tinha nenhuma pista sobre o resto. Sim, “devotado”. Um auxiliar
devotado. Só podia ser mulher. Eva tinha certeza disso. E era mais que uma auxiliar.
Do contrário, Rico nunca teria usado aquele adjetivo. Amante? Namorada? Uma
simples recontagem indicou que trezentas e doze das amizades de Rico no
Facebook eram homens. Esse filtro reduziu consideravelmente a busca. Quanto às
amizades femininas, pôde descartar mais de um terço pela idade. Eva não acreditava
que Rico tivesse amantes de mais de cinquenta anos, e umas vinte e cinco garotas
eram novas demais. Sobravam quantas mulheres? Eva examinou seus rostos. Já
tinha visto várias delas. Eram jornalistas conhecidas, da TV e dos veículos impressos.
Também descartou as que arruinariam a própria carreira se fossem flagradas
fazendo algo ilegal. O que mais deveria levar em conta? É, a aparência. Resolveu
que, pura e simplesmente, Rico não acharia algumas atraentes o bastante. Outras
não eram do tipo de mulher disposta a ter relações com ele. Restavam então
dezesseis. Eva olhou bem as fotos, entrou nos perfis, tentou imaginá-las com Rico.
Descartou mais duas. Sobravam catorze. Onde moravam? Cinco delas na Jutlândia:
três em Århus, uma em Ålborg, outra numa cidade menor. Teria Rico um
relacionamento com uma garota que morasse assim longe? Não, seria complicado
demais. O mesmo para a que morava numa cidade pequena da ilha da Fiônia.
Tinham ficado oito. Eva sentiu a tensão no corpo. Estava chegando perto.
Realmente confiava em seu método. Claro, podia ter-se equivocado em alguns
aspectos; mas não acreditava nisso. Oito mulheres, com idade de vinte e quatro a
quarenta e sete anos. Todas da região metropolitana de Copenhague, todas com
um físico e um perfil que faziam Eva poder imaginá-las como amantes de Rico.
Anotou os oito nomes em ordem alfabética, de Abelone a Vibeke.
Deu busca no Google. Abelone Ørum. Havia só uma com esse nome em
Copenhague, chef num restaurante de frutos do mar em Frederiksberg. Não era o
perfil mais evidente de perita em telefonia móvel. A seguinte: Anna Brink.

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