Fælledparken, Copenhague – 12h45
Eva dobrou a esquina da Blegdamsvej e continuou em direção ao Departamento
de Medicina Legal. Não parava de olhar por cima do ombro. Alguém a seguia?
Alguém a vigiava dos carros estacionados ao longo do meio-fio? Não, ninguém.
- Calma – sussurrou.
Do Fælledparken, o grande Parque Comunitário, vinha o cheiro de mato e
primavera, o ruído de crianças jogando bola. O edifício parecia surgir do nada, e
não era uma visão exatamente animadora – o maior caixão do país, um caixote
cinzento cheio de cadáveres, um portal por onde, antes ou depois, quase todos os
habitantes de Copenhague precisavam passar a caminho da eternidade ou do nada.
O legista a estava esperando. E a recebeu com um rápido aperto de mão.
- Hoje, excepcionalmente, vamos pela porta de trás – ele disse. – Assim, pulamos
alguns alarmes. Estou com uma coisa que você precisa ver. - É, você já tinha dito.
Seguiram em silêncio. Apenas o ruído dos solados de borracha no piso de pedra e
o leve apito a cada vez que Hans Jørgen passava o cartão magnético e abria caminho
rumo ao cerne, ao coração do Departamento de Medicina Legal. Algumas vezes,
paravam para que o legista digitasse uma senha. - Transformaram isto aqui num Fort Knox! – ele murmurou. Parou e chamou o