- Aí parou um carro.
- De quem? De Brix?
- Não sei. A verdade é que não pensei muito naquilo.
- Mas aí...?
- Mas aí eu soube que ele tinha estourado os miolos. E então pensei bastante, sim.
- Só que não podia contar porque aí descobririam que você passa as noites no
computador.
O garoto deu de ombros. - OK – disse Eva. – Apareceu um carro. O que mais?
- Não muita coisa. Um homem entrou na casa e, pouco depois, saiu com uma
espingarda de caça na mão. - Tem certeza? Não é só uma coisa que você está inventando porque leu no
jornal? - Tenho certeza, sim. Mas não acho que era ele.
- Ele?
- O cara que morava na casa. Esse que morreu era meio magrinho.
- OK. Como era o cara que entrou?
- Largão. Era mais forte, ou coisa assim.
Eva olhou para ele. Não estava certa de que ele não tinha inventado aquilo. O
olhar do garoto indicava certa insolência. - Cem coroas – ele disse de repente, e estendeu a mão.
Eva o encarou com um quase sorriso. - Cai fora, moleque.
O garoto riu, jogou o skate no chão, colocou um pé na prancha, o outro no
asfalto, e partiu dando trancos secos. Fazia um barulho danado assim, muito mais
do que o carro elétrico em que quase bateu ao dobrar a esquina.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1