todo um pot-pourri da negação.
- Understand?
- No!
Eva resolveu começar de novo, mas de modo um pouco diferente. Avançou até as
duas e lhes estendeu a mão. Primeiro para a mais velha, que secou as mãos no
avental e falou com a mais nova. Discutiram. Precisou desistir do projeto da mão
estendida. A mais nova explicou em seu inglês limitado: - Não sabemos nada de matarem ninguém. Nada. Você se enganou de pessoas.
Wrong people! – E repetiu: – Wrong.
A mais velha fez menção de ir embora e disse alguma coisa que reavivou a
discussão. Eva não entendia nada, mas compreendeu que não chegaria a lugar
algum com aquelas duas e voltou para a recepção. Ficou um momento esperando,
pensando se devia mesmo tocar a campainha. Uma mulher surgiu na porta do
escritório da recepção. Elegante, quarenta e poucos anos, muitas curvas; uma Mãe
Terra. Logo acima dos seios fartos, o crachá: “Claudia. Gerente”.
A discussão acalorada se estendeu à recepção quando irromperam ali as outras
duas, que pareciam galos de briga. Era um verdadeiro drama italiano, com todo
mundo falando ao mesmo tempo. A mais velha explicava e gesticulava sobre Eva e
para Eva; a mais nova emendava; e Claudia, a gerente, olhava para uma e outra,
alternadamente. Quando acabaram, a gerente olhou para Eva. - Lagerkvist – sussurrou Eva para si mesma, como lembrete de tudo o que devia e
não devia fazer. Teria que explicar tudo tal e qual. Era o que ele tinha dito: não vá
até eles para que expliquem os fatos a você. Vá para contar você os fatos a eles. É,
tinha sido isso que Lagerkvist mandava fazer. – Prestem atenção – ela disse.
As mulheres olharam para ela. Eva lhes explicou a situação. Falou de Christian
Brix. Da morte dele. Disse que Brix tinha estado ali, telefonado para lá.
Não teve tempo para mais que isso. - Please. Leave! Go! – ordenou Claudia, a gerente, interrompendo-a.