Subiu com muita pressa a escada de serviço. Ali havia engradados de cerveja com
garrafas vazias, garrafões de água de bebedouro e tudo mais que é proibido deixar
numa saída de emergência, o tipo de coisa para o qual se estabeleceram normas,
sistemas, algo que existe para todo mundo. Marcus ficou parado um instante em
frente à porta do apartamento de David, tentando ouvir alguma coisa lá dentro.
Nada. Tocou a campainha. Uma cadeira arrastada. Passos.
- Quem é? – perguntou lá de dentro uma voz abafada.
- Sou eu. Abra.
David obedeceu. Abriu a porta. Caiu reboco do teto, só um pouquinho, como na
primeira neve do ano. - Você está um caco – disse David.
- É que sofri um acidente.
- E por que fugiu do hospital?
- Posso entrar?
David hesitou. Abriu a porta. Tornou a fechá-la atrás de Marcus. - Faz tempo que eu não como nada – disse Marcus. – Você tem alguma coisa aí?
- Pode ser ravióli de lata?
- Está ótimo.
Marcus entrou na sala. Olhou em volta. Tinha imaginado o quê? Que Trane
estaria à espera? Sorriu ao ver no peitoril a flor do deserto. David era frouxo. Muito
frouxo. Marcus devia ter percebido isso no Afeganistão, na tenda de campanha
onde David dedicou horas àquela flor de merda. - Já estou esquentado o ravióli – disse David.
Olharam rapidamente um para o outro. - O que deu errado?
- Tenho que achá-la – respondeu Marcus. – Eva Katz.
- Trane já pôs vários homens atrás dela. Não se preocupe, eles vão terminar o
serviço.