conta própria. Além disso...
- Além disso o quê?
- Como você mesma disse, se aconteceu algum podre no Palácio Moltke naquela
noite, não é muito provável que tenha sido durante o jantar. Deve ter acontecido
em outra parte. - Mas onde?
Rigmor não disse nada. - Vamos lá – insistiu Eva. – Se discutiram durante o jantar, só podem ter ido
depois para outro cômodo. - Talvez para o Taffelsalen.
- Taffelsalen? O que é isso?
Rigmor hesitou. Fez outro cigarro, acendeu e tornou a segurar a fumaça nos
pulmões. As palavras saíram junto com a fumaça. - Naquela noite, houve confusão no Taffelsalen – disse.
- Confusão?
- É.
- Mas que confusão?
- Alguém bateu boca, não sei ao certo.
- Mas sabe que aconteceu alguma coisa. E sabe como?
- Pela minha irmã.
- Ela viu?
- Não.
- Posso falar com ela?
- Você não vai conseguir que ela diga nada.
- Mesmo que vocês duas os odeiem tanto? Por que não?
- As coisas não funcionam assim – disse Rigmor, e balançou negativamente a
cabeça. – A gente, enquanto é parte daquilo, fica de boca fechada. E a grande
maioria guarda esse silêncio a vida toda, até morrer. Do contrário, não poderia