- Pois bem – sussurrou para si mesma. – O caminho é o seguinte: entrar no
próximo cômodo, seguir para o Salão dos Cavaleiros, sair no corredor, virar à
esquerda e passar para o Taffelsalen.
O recinto subsequente era o maior em que Eva já tinha estado na vida. As paredes
estavam cobertas de quadros de todos os tamanhos. Numa ponta, uma espécie de
salão com porcelana exposta em pequenas vitrines. Ali o piso era pior e fazia muito
ruído a cada passo de Eva; a madeira era irregular, com pequenas cavidades que,
provavelmente, tinham sido causadas pelo salto agulha de mulheres elegantes com
copo alto na mão. O volume das vozes aumentou. Eva conseguia entender uma ou
outra frase solta. “Da última vez.” “Mas não.” “Noitada.” Não tinha certeza; talvez
fosse seu cérebro que insistia em achar nem que fosse um pouco de congruência,
algum ponto de referência, naquele fundo sonoro turvo.
Apertou o passo; queria terminar o quanto antes. Lançou um olhar pela porta
seguinte. O Salão dos Cavaleiros. O luar que entrava pelas janelas reluzia nas
cortinas, nos lustres, nos espelhos, nas molduras douradas. Tinha que continuar.
De repente, Eva compreendeu várias palavras e ouviu o som de cristais e o de
talheres contra os pratos; talvez estivessem apreciando um pequeno lanche e um
copo de bom conhaque. Deu uma olhada no corredor, o que quase a fez dar meia-
volta. A porta no fim do corredor estava entreaberta, e a distância até lá era talvez
de dez metros. Uma mulher, sentada de perfil, tomava um copo de vinho ali, no
Salão Rosa. Caso se voltasse, veria Eva. Esta se encontrava a três ou quatro metros
da porta que levava ao Taffelsalen. Três ou quatro metros em que ficaria a
descoberto, cerca de cinco segundos em que teria de confiar na sorte, torcendo para
que a mulher não virasse a cabeça e ninguém saísse do Salão Rosa. Foi depressa para
a porta. Por um segundo, temeu que estivesse trancada à chave; mas a porta
simplesmente pesava mais do que tinha imaginado. Abriu-a empurrando com o