repente, Eva ouviu passos do outro lado da porta. Seria o guarda? Levantou-se,
correu para a porta que havia na outra ponta do salão, abriu-a e fechou-a no exato
instante em que a porta do Taffelsalen se abria.
Estava agora num corredor estreito, uma escuridão total. Pela primeira vez, ousou
acender a lanterna, ainda que logo a apagasse. Uma voz masculina provinha do
salão do qual tinha acabado de sair. Pela fresta por baixo da porta, Eva viu que
alguém acendera a luz lá. Seria o guarda fazendo a ronda? Ou algum comensal que
queria esticar as pernas e tinha entrado no salão contíguo? De repente, somou-se à
primeira voz uma outra, feminina. Era de serviçal ou de comensal? Eva precisava
sair dali. Se abrissem a porta para onde tinha ido, topariam com ela. Outra porta;
foi verificar se estava aberta, sem sequer imaginar para onde levava. A uma escada.
Ficou um instante parada, pensando. Onde estava? Na Escada Escura. Aquilo de
que Rigmor tinha falado. Uma das escadas secretas de serviço. Seria mesmo isso? O
que Rigmor tinha dito? Que Malte devia ter saído de um quarto de hóspedes na
noite em que assassinaram Brix; que o menino provavelmente tinha subido por
aquela escada. Eva visualizou a cena – um garotinho de apenas cinco anos no meio
da noite. Talvez estivesse usando pijama com estampa de carros ou de perigosos
leões. O que ele teria visto? O que teria ouvido? Vozes que provinham do
Taffelsalen, vozes como as que Eva estava ouvindo agora, só que furiosas,
ameaçadoras. E, então, para onde Malte teria ido? Tinha se assustado? Sim, claro,
um menino pequeno, sonolento e confuso, que zanzava sozinho por um palácio em
plena noite enquanto vozes exaltadas subiam ainda mais de tom; claro que ficou
com medo. Estava apavorado e não entrou no salão; tinha medo demais. Ainda
assim, não resistiu à vontade de olhar. Olhar como? Pelo quadro. O quadro especial
de que Rigmor tinha falado, o quadro de vidro que era como um espelho espião.
Teria sido ali que Malte se colocou? Eva agora via o pequeno descanso no fim da
escada. Precisava subir uns degraus e depois até um descanso que mal tinha um
metro do chão. Um menino de cinco anos conseguiria? Eva apagou a lanterna. É,
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1