Marcus conhecia Eva. Naquele exato momento, ele a tinha na retina; e a via
procurar um esconderijo dentro do prédio, um lugar onde nem o fogo, nem a
fumaça, nem Trane pudessem alcançá-la.
- Posso passar?
Bombeiros na escada que levava à entrada principal. Outros, de capacete e
máscara respiratória, estavam entrando pelas janelas do porão. O barulho de uma
vidraça que se quebrava. Gritos: - Têm certeza de que não ficou ninguém lá dentro?
Várias ordens, uma voz amplificada pelo megafone: - Para trás! Fiquem mais para trás!
Mas Marcus fez o contrário. Aproximou-se. Não estava apreensivo. Sabia que
tinha a aparência certa; parecia policial e sabia que era só aparentar calma, irradiar
autoridade e força. Assim ninguém desconfiaria dele, todos achariam que era um
dos seus. Cumprimentou tranquilamente um bombeiro. Devia parecer alguém que
queria ter uma visão geral da situação. Ouviu outro bombeiro dizer alguma coisa
sobre risco de desabamento. Mais gritos no megafone. Marcus entrou pela porta do
abrigo de mulheres e sumiu em meio à escuridão e à fumaça.