- Então deixe-me recordá-lo de algumas coisas. Como foi no Iraque? Ou no
Afeganistão? Ferimos inocentes enquanto tentávamos defender as instituições
deles... - Não há comparação. Estávamos em guerra.
- Tudo é uma guerra. A raça humana sempre aceitou a perda de alguns inocentes
para defender a maioria.
David bufou, balançando negativamente a cabeça, e disse: - Falando sério, você acredita no que está dizendo?
Marcus olhou para David. Não respondeu até que o outro se virou para ele. - Acredito, sim. E acredito porque testemunhei em primeira mão. Vi o que
acontece quando as instituições desmoronam, quando elas desaparecem. Você
também viu. – Abriu a porta e tomou fôlego. – Agora vou sair do carro, David. Se
você ainda estiver aqui quando eu voltar, vai ser porque está comigo. Do contrário,
você já vai estar fora. OK?
Não esperou o amigo responder.
Assim que terminou de atravessar a rua, olhou para trás. O furgão continuava
estacionado. Marcus não tinha certeza se, cumprida a missão nos banhos, David
continuaria lá. Tratou de se orientar. Não havia ninguém na passarela de madeira
dos banhos, nem ninguém atrás dele.
Apoiou um dos pés no puxador do portão gradeado, escalou-o e pulou para a
passarela. A porta do vestiário se abriu, e saíram duas mulheres. Marcus começou a
assobiar, dirigindo-se ao vestiário masculino, e seguiu em frente. A mais velha das
mulheres, debaixo do guarda-chuva, cumprimentou-o com um simples movimento
de cabeça. Marcus entrou no vestiário. Havia alguém lá dentro.
- Boa noite – disse em voz alta ao outro. Não era Hans Peter Rosenkjær.
- Tempinho do cão!